Contos Negreiros do Marcelino Freire - Por Silas Corrêa Leite |
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Palavras que falam e não agem de acordo com o que dizem, são cheques sem fundo... Marisa Raja Gabaglia.
-Marcelino Freire pega um estilete cego e enferrujado, e vai desossando o conto-narrativa feito um açougueiro de almas. Santo Deus! Fica só o sangue, o lodo, o visceral, ai de nós!
-E até atiça o fogo-fáctuo-brasil na fuça da gente. Dói como uma parede. Passa, moleque, quem quer canibalismo do palavrear duras realidades?
-Ao ler alguns contos, confesso que chorei como se atravessado por um gume narrativo seco, hepatite c que fosse ali no cromo náutico da lacrima. Contos-quase-cantos. Contracontos. Banzos proseados a golpes de palavras. Farinha em caótico angu de caroço, cacos de vidros em farinhas de ausências. Ei-los quase pretos, quase brancos, quase seres, do Haiti que Caetano cantou. Marcelino Freire sabe essa dor salteada, no machado da história injusta, dívidas impagas desde uma libertação que não indenizou e nem puniu escravocratas.
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Educação Bandida: do conto à realidade - por Marcos Henrique Meireles Lima |
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Resumo: Utilizando uma linguagem simples, este texto tem como objetivo, chamar a atenção para fatos que podem até terem sido transformados em corriqueiros, no dia-a-dia das grandes capitais, mas que podem abalar a realidade de uma pequena cidade. Através de um conto, tenta dramatizar uma realidade violenta que cresce a cada dia em todo país, chegando a atingir universos outrora pacatos. Palavras-chave: educação, violência, escola, família.
São 23:35h, as ruas estão vazias, os cachorros reviram os lixos em uma disputa acirrada com gatos e ratos, o bairro tem o nome de São Felix, a cidade era Valença, na Bahia, dois jovens de aproximadamente 16 anos conversam em um tom muito baixo, como sem qualquer explicação, eles sacam e empunham duas armas se dirigindo ao único estabelecimento que ainda relutava em funcionar, um barzinho, a conhecida “birosca”, ao entrarem, o aparentemente mais velho, dá a “voz” de assalto:
- Todos com as mãos para cima, não olhem para mim, passem toda grana e você que está atrás do balcão, esvazia o caixa, vamos, rápido com isso... Mas esperem um pouco, essa história não começa assim.
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Esquecidos e renascidos no Brasil colonial - Por Adelto Gonçalves |
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Antes mesmo de o Brasil se tornar nação independente, eruditos reuniram-se na cidade de Salvador, na Bahia, para fundar a Academia Brasílica dos Esquecidos, em 1724, e a Academia Brasílica dos Renascidos, em 1759, com a objetivo de escrever a história da América portuguesa. A criação dessas academias permitiu que a atividade historiográfica ganhasse foros de ação coletiva, já que, até então, ficara restrita a iniciativas isoladas de colonos, missionários, viajantes, militares e administradores.
O livro Esquecidos e Renascidos: Historiografia Acadêmica Luso-Americana (1724-1759), de Iris Kantor, mestre e doutora em História pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do Departamento de História dessa instituição, recupera, com objetividade de escrita e profundidade de pequisa em arquivos do Brasil e de Portugal, essas duas iniciativas coletivas que constituem a gênese da pré-história da historiografia brasileira.
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Iacyr Anderson ou a cristalização do poeta - Por Adelto Gonçalves |
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A Coleção Pasárgada, da Ardósia Associação Cultural, de Cascais, acaba de ganhar o seu segundo livro, o primeiro em Portugal do poeta e contista brasileiro Iacyr Anderson Freitas, Terra Além Mar, antologia que abrange trabalhos de 16 obras e outros poemas ainda inéditos.
Segundo o diretor da Coleção Pasárgada, o também poeta Ozias Filho, responsável pela seleção dos poemas da antologia, Terra Além Mar é um vôo maior, sem escalas, para algo inatingível, etéreo e que ganha uma vida física.
Até agora, em Portugal, os poemas de Iacyr Anderson Freitas haviam sido publicados em periódicos literários e em livros coletivos, tais como Reflexos da poesia contemporânea do Brasil, França, Itália e Portugal, editado em 2000 pela Universitária Editora, e ainda Quanta terra!!! —Poesia e prosa brasileira contemporânea, organizado pelo poeta português Amadeu Baptista e publicado pela Casa da Cerca-Centro de Arte Contemporânea, em 2001.
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NOTA SOBRE A AUSÊNCIA DA CRÍTICA / João Scortecci |
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Há livros que talvez assustem a crítica, talvez pela riqueza do texto, talvez pelo volume das matérias. É o que parece estar acontecendo com a generosa "Antologia Poética" do premiado poeta Izacyl Guimarães Ferreira. Cerca de 140 poemas, quase 300 páginas. E vem até mesmo de antes o silêncio em torno de sua obra. Só ao receber o prêmio de poesia da ABL em 2008 é que obteve o poeta alguma imprensa. E já tinha 16 livros publicados!
Lançada em dezembro, sobre a Antologia só li matéria da própria editora, a Topbooks, em seu site, transcrevendo as abas do livro, texto de Ivan Junqueira. Texto magnífico, tal como o prefácio escrito por Alberto da Costa e Silva.
Creio que a excelência destes dois textos terá talvez inibido outros leitores críticos. Afinal os dois acadêmicos, pois são ambos ilustres membros da ABL, abordaram aspectos tão essenciais da obra que é difícil pensar noutros ângulos. Mas há alguns mais e creio caber à crítica, e não aos dois citados apresentadores tratar deles com mais detença.
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O Artesanato de Enfados do Poeta Antonio Mariano - Por Silas Corrêa Leite |
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A poesia de Antonio Mariano mostra o criador torneando seus incontáveis sentidos no artesanato de seus líricos enfados que são pretéritos, dispersos, desorientações e desjardins. Tenho o feeling das pedras/Ao sabor do mar belamente canta Antonio Mariano, cabendo a ele sim, poeta de rara beleza, mostrar cada poema - a novidade - de estar vivo e respirar pela lâmina goiva de sua sensibilidade. O tear de sua solidão-cangalha, de sua solidão-albatroz?
A faca cega que acorda a palavra? A faca cega que orna dialéticas de próprio punho-prumo-(prisma). Nota-se a sua construção de águas, tocando o intocável, remando - a palo seco - contra uma noite indizível, um de-quê de si trazido à tona, quase navegações - alma nau? - vertentes, vertentos, aquários, chuvas que não se guardam num guarda-chuvas, portanto, o escrever é não esquecer, antes recontemplar-se. Lembrar dói? Existir dói. Aliás, Existir a que será que se destina? Caetano Veloso dava sua pinceladas.
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O ATO DE LER – Por Inajá Martins de Almeida |
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Dê-me uma meada de lã e eu teço um agasalho. Dê-me uma palavra e eu formulo uma frase. Dê-me uma frase e eu escrevo um texto. Dê-me um texto e eu componho um livro”. (1)
Definições, conceitos, significações, frases, textos, livros, são atributos de que nos valemos, quando nos predispomos a fazer uma pesquisa mais acurada de algo que queremos conhecer melhor.
Definimos, conceituamos, buscamos significados, formulamos frases, elaboramos textos, compomos livros, tudo para perpetuar nossa idéia e percebemos que:
"Os livros que em nossa vida entraram, são como a radiação de um corpo negro, apontando pra expansão do Universo, porque a frase, o conceito, o enredo, o verso (e, sem dúvida, sobretudo o verso) é o que pode lançar mundos no mundo". (4)
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O BRASILEIRO E O LIVRO / Marcelino Rodriguez |
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Dentre tantas as constatações que já fiz sobre a deficiência da educação no Brasil, a mais dramática é que o brasileiro não tem noção alguma da essência do livro. Ele sabe apenas que o livro é um objeto. Ele não vê o livro como uma parte do espírito da vida, e uma das mais importantes, sem dúvida.
O homem sem conhecimento e sem uma mínima cultura sabe pouco, ´pensa pouco, produz pouco e desperdiça muito. O livro na verdade é a escova de dente do espírito, se me permitem a metáfora inusitada. Como escritor, evidente que essa ignorância consentida e essa indiferença em relação ao livro, dói mais. Pude sentir na pele o desconhecimento da importância do livro por parte da população.
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O CHICO BUARQUE DE BUDAPESTE - Por Urariano Mota |
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A notícia esteve em todos os jornais nesta última semana de agosto. Concorrendo com mais de 230 livros, o romance Budapeste, de Chico Buarque, recebeu o prêmio de melhor romance em língua portuguesa, ao fim da 11ª Jornada Nacional de Literatura.
Pelo valor em dinheiro, de 100 mil reais, e pelo nível da concorrência, que reunia nomes como José Saramago, Salim Miguel, José Nêumanne e Antonio Torres, o prêmio é de vulto. Não foi o primeiro, nem certamente será o último.
Já em 2004, Budapeste havia conseguido o Prêmio Jabuti de Livro de Ficção do ano. No exterior, a sua corrida também não é menor. Boas críticas na França, na Itália, e na Inglaterra esteve entre os seis finalistas de melhor ficção estrangeira.
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O Educador e a Literatura - Por Fernanda Baroni |
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O pior crime que um educador pode cometer é desprezar a inteligência de seus alunos. Deixar de propor atividades desafiadoras por achar que a turma não tem interesse é o mesmo que desistir do magistério.
Uma forma prazerosa e estimulante de trabalhar o lado cognitivo e a criatividade é através da Literatura. Um texto criativo provoca reflexões, ajuda a criança a romper com os estereótipos do dia-a-dia.
Alguns educadores podem argumentar que, mesmo conscientes do papel importante da Literatura, mesmo tendo apresentado livros, exigido que fossem lidos, discutidos e trabalhados em sala de aula, depois de uma certa idade, são os próprios estudantes que demonstram desinteresse pela leitura.
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O ensino da língua materna: conflitos e sugestões - por Marcos Henrique Meireles Lima |
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Desde a colonização, a imposição de uma língua e a forma da sua verbalização e posterior escrita, tem sido uma cruel realidade em nossa sociedade e conseqüentemente, no ensino em nossas escolas. Muito se tem estudado sobre este assunto e é louvável a busca por uma superação dessa realidade, principalmente, pelos os quais chamarei de “translingüistas”.
São estudiosos da linguagem que, insistentemente, estudam, pesquisam, discutem e escrevem sobre paradigmas, variações e preconceitos lingüísticos, e outras discussões que dizem respeito ao universo da fala e da escrita, buscando transgredir a formalização imposta, bem como, os ditames gramaticais normativos, superando para uma visão ampliada, em detrimento de uma visão focada sobre o estudo da linguagem. Posso citar: Marcos Bagno e Magda Soares, os quais pude ter um contato recente, através de alguns de seus escritos.
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O LIVRO COMO MERCADORIA - Por Patrícia Ferreira Bianchini Borges |
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No mercado, o livro participa de uma cadeia bastante diversificada de produtos chamados culturais e, de um tempo para cá, parece ter desistido de competir com os meios eletrônicos e com as linguagens não-verbais, para com eles fazer todo tipo de aliança: temos o livro musical, o livro-jogo, o livro de imagens, o livro brinquedo... disposto, na livraria ou no supermercado, ao lado de fitas de vídeo, de chocolate, de sorvete, etc.
Não há como negar que no grande mercado que está do lado de fora da escola tem havido um conjunto de iniciativas voltadas à educação de um leitor já habituado ao cinema e à televisão. Nessa busca, a estratégia parece ser a da aliança.
E aos poucos, parece que certo segmento da sociedade, com poder aquisitivo, escolarizado, que já é, por exemplo, leitor de jornais e revistas, está se colocando não só perante a discussão em torno do livro, mas também está participando de forma mais intensa desse mercado. Nos dias de hoje, indo à videolocadora pode-se ganhar este ou aquele livro na locação de "x" fitas.
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O LIVRO NO BRASIL por Rafael R. dos Santos |
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Venho lendo as notícias sobre o livro e muitas são as matérias que chamam a atenção para a falta de leitura do brasileiro. Como leitor ávido que sou, devo expressar meus sentimentos em relação à política que é adotada em relação aos livros no Brasil.
Para começar, deve-se falar do livro em si. A verdade sobre o livro, e principalmente seu preço, deve ser dita rudemente: o preço do livro é alto demais! Como um país espera crescer se, em alguns casos, um livro chega a 33% do salário de um único cidadão, que não irá trocar a comida de casa por livros, muito sabiamente.
Vê-se as editoras do Brasil lançando livros que custam em média R$60,00: é uma total inedequação à realidade brasileira (falta de atenção por parte dos "intelectuais" por detrás das editoras ou "cegueira branca"? Difícil distingüir, porém há sempre o dito popular: "pior é o cego que não quer ver"..). Peguemos alguns exemplos: um livro de autores como Thomas Mann, um símbolo do século XX, chega a custar mais de R$80,00; um livro mais "popular", como o "Senhor dos Anéis" custa cerca de R$75,00 a edição completa; uma lista interminável de exemplos poderia seguir, porém seria incoveniente ao conteúdo do email.
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O MARQUÊS SEM NOBREZA - Por Tarcísio José da Silva |
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Um dos mais atraentes personagens de Monteiro Lobato é, com toda a certeza, o Marquês de Rabicó do Sítio do Pica-pau Amarelo. Lobato foi um criador de tipos inesquecíveis: Emília, Jeca-tatu, Dona Benta, Narizinho, etc. Exímio caricaturista criticava ou satirizava através das personalidades de seus livros.
Usando como canal a boneca de pano mais irreverente do planeta, ele deu vazão às suas idéias e aos seus planos mais ousados. Há um personagem que pode ser colocado como destaque entre as suas criações: é o porco marquês.
Esse leitão, detentor de um dos mais altos títulos nobiliárquicos, foi uma das primeiras figuras criadas pelo autor para a sua obra infantil; teve um livro dedicado a si com o título: “O Marquês de Rabicó”, publicado no ano de 1922, o qual, posteriormente, incorporou-se à coletânea “Reinações de Narizinho”.
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O Papel Ampliado do Professor na Sociedade Digital - por Marcos Henrique Meireles Lima |
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O professor como conhecemos está com os seus dias contados? Será o fim da profissão docente?
Por muito tempo o professor foi reconhecido como o datore de aula, aquele que transmitia o conhecimento aceito pela comunidade científica e validado pela sociedade de um modo em geral, porém, essa postura tradicional, unilateral, individualizada, tende a ser ultrapassada por um profissional reflexivo, interagente, coletivo.
As informações são disseminadas em uma velocidade nunca vista, o acesso aos conhecimentos formulados é facilitado pela efervescência da utilização de uma grande rede de computadores interligados por todo mundo, propiciando com que a história antes marcada pelas “metamorfoses” seculares, seja transformada em milésimos de segundos.
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Os Fotogramas Poéticos do Luiz Edmundo Alves - Por Silas Corrêa Leite |
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O poeta bahiano contemporâneo, Luiz Edmundo Alves, psicólogo radicado em Belo Horizonte, Minas Gerais, em seu novo livro, Fotogramas de Agosto, literalmente revela (...) os fotogramas (objetos literários transparentes) poéticos de recente belíssima safralavra. Muita coisa que interessa/Se configura no inesgotável, poetiza mui belamente ele.
E desconfia, remonta, estilinga, reconta. Uma saudade-sombra aflora ranhuras de si mesmo (que desvela), abismando-se, suspenso às vezes numa espécie de close-captação de sua cítrica sensibilidade ferida, talvez decantação para uma lírica mordaz.
Para ele é fácil revelar silêncio. A poesia é sépia? Apresenta-se bandalheiro como o poeta que precisa do medo de morrer.
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OS MANDARINS - Simone de Beauvoir / Por Antonio Carlos Lopes |
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Diante da estante de livros que pela desordem, seria insensatez chamá-la biblioteca, um livro já lido há alguns anos, me chamou novamente a atenção, naquele momento senti uma certa nostalgia, o que é muito comum, quando estamos a sós com nossas abstrações.
A obra, Os Mandarins da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir, uma publicação de 1954, valeu-lhe o Prêmio Goncourt.
Essa obra tem como temática a posição dos intelectuais de esquerda no pós-guerra,como alvo também o rompimento do filósofo e escritor Jean-Paul Sartre (O ser e o nada, 1943), com o filósofo e escritor e jornalista Albert Camus (O estrangeiro,1942) o estremecimento na relação destes expoentes da literatura mundial, que a autora estabelecera como intenção em sua narrativa intrínseca.
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Paixão Por São Paulo - Uma Antologia Que Pode Dizer o Nome? -Por Silas Corrêa Leite |
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Sou sempre a favor de antologias por atacado, quaisquer que sejam, porque você, gostando ou não, de uma forma ou de outra, saca que são espécies de varais de produções daqui e dali, sempre aparecem ilustres nomes novos, qualidades raras, só não gosto mesmo - e isso às vezes acontece, infelizmente - daquelas antologias de suspeitos amigos do alheio lítero-cultural (querendo aparecer sem ser), guetos, panelinhas, que acabam mesmo, perdoem o trocadilho, espécies assim de antro-logias. Vai por aí.
-Pois é com esse espírito que recebo cada antologia, como bem recebi o livro Paixão Por São Paulo, antologia editada pela novíssima e competente Editora Terceiro Nome, sob a égide organizacional de Luiz Roberto Guedes. Currículo ele tem. Só isso basta?. Vão sacando. A obra, diga-se de passagem, muito bem editada, é realmente um primor de qualidade técnico-editorial. Um mimo mesmo tê-la em mãos. Babei.
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PARA QUE SERVE A LITERATURA por Urariano Mota |
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Em um dia distante, as letras já foram chamadas de belas letras. E apesar de assim se chamarem, de belas, e para melhor belo belo, terem como objeto a beleza, nem assim defenderam à altura os seus cultivadores. O poeta Geraldino Brasil, que bem conhecia o trato, assim viu como são recebidas as belas letras na boa sociedade:
CLASSE MÉDIA
Um médico. / Ótimo na família. Um executivo./ Ótimo. Um engenheiro / Um arquiteto / Um magistrado. / Ótimo. Um poeta. / Melhor na família dos outros.”
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PARA RESPIRAR SARAMAGO / Mantovanni Colares |
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A concretização da proximidade literária de Saramago custou-me um lapso temporal expressivo. De início, tentei a leitura de "Ensaio sobre a cegueira", abandonando-o em seguida por me sentir sufocado pelo texto retilíneo, sem parágrafos, tabulações ou indicações de pausa. Não insisti, pois de cedo aprendera que a literatura só funciona naquele momento mágico em que o leitor se sente atraído pela obra, hipnotizado a tal ponto de não conseguir se desvencilhar do livro. Por isso, há o tempo certo para cada autor, para cada obra.
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